Documentário(Resenha) - O brilho da morte: 30 anos do césio 137

 

    O documentário foi exibido em quatro partes que juntaram e é facilmente encontrado no Youtube (em português).    

 O acidente ocorreu em 1987, um ano após o acidente de Chernobyl, em Goiânia.  Um aparelho de radioterapia num prédio abandonado foi encontrado por alguém que não sabia o que ele era. O aparelho estava no prédio por conta de uma licitação que proibia sua remoção, apesar do prédio não ser mais utilizado.
    As peças do aparelho foram compradas pelo ferro-velho de Devair, que por sua vez se apaixonou pela cor azulada com que o pó brilhava. Esse pó, que se encontrava dentro de uma bomba, foi um sucesso pela região. Muitas pessoas foram ver o que era, inclusive o irmão de Devair que levou um pouco do pó para casa. Sua filha Neide, de seis anos, brincou com o pó e chegou a ingerir um pouco. Poucos minutos depois já estava passando mal, como muitos que entraram em contato.
    Mas levaram vários dias para saberem o que estava acontecendo. E mesmo aqueles encarregados de resgatar material foram informados de um vazamento de gás, e não material radioativo. Depois de descobrirem que era Césio-137 ainda não sabiam do que se tratava. O que é Césio-137?
    O documentário é uma entrevista com alguns afetados depois de 30 anos do acidente. Eles contam como aconteceu a contaminação e o que precisaram fazer depois. Os contaminados foram levados para o Estádio Olímpico onde tiveram de tomar banho com mangueiras fortes e vassouras com uma combinação de químicos para removerem a radiação. E ainda houve muitos efeitos depois, principalmente a médio e longo prazo, incluindo mortes.
    O que dá nome ao documentário é uma fala de Devair: "Eu me apaixonei pelo brilho da morte", em vários momentos o rejeito contaminado é referido como 'a morte'. Neide morreu e precisou ser enterrada em um caixão fechado e selado com cimento, no dia do enterro pessoas jogaram pedras na direção do caixão. E não só os mortos encontraram rejeição, como os vivos afetados. E é extremamente triste ver o quanto isso os afeta até hoje.
    Atualmente muitas pessoas ainda precisam de ajuda do governo, e tentam encontrar ajuda no Centro de Assistência aos Radioacidentados (C.A.RA.). E apesar disso ainda não tem acesso a medicamentos, e o auxilio financeiro não é o suficiente para comprar todos os remédios. Podem tratar o incidente como acabado, mas para muitos é uma luta diária.
"Nós ta morto, só falta enterrar". 

Imagem da clínica abandonada em Goiânia. Foto: divulgação/Cnen.

    Foram 19 gramas de Césio que levaram a 40 toneladas de rejeitos, agora em contêineres concretados na cidade de Abadia de Goiás.O documentário é bem curto, 21 minutos de duração. Dois problemas para mim foram a falta de legendas, ou de informações sobre quem estava falando no momento, e a tela de título sendo usada como transição. Mas a tela aparece por ser uma junção dos quatro episódios que foram exibidos, só poderia ter sido re-editada para a postagem digital. Ainda vale muito a pena assistir e se manter informado, para que um acidente deste nível não aconteça mais.

Referências: Documentário - O brilho da morte: 30 anos do césio 137. Produção: Marcos Vinícius Sousa Galo, Geovane Ázara e TV Serra Dourada
Site do governo de Goiânia sobre o acidente: http://www.cesio137goiania.go.gov.br/

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